IMG_2163 c

Artigo de Laura Bacca sobre turismo na RPPN Emílio Battistella

Aprendendo a contemplar       

Lauro Eduardo Bacca (artigo para o JSC de quarta, 19/08/2015)

“O público que frequenta lugares como a rota das Cachoeiras faz parte de um segmento novo no Brasil”

A rota das cachoeiras em Corupá firma-se como um importante destino ecoturístico do estado. O cansaço físico do visitante some, sublimado pelo prazer da visão da espetacular sequência de 14 cachoeiras do trajeto, cada uma de formato, característica e tamanho diferente da outra.O público que frequenta lugares como a rota das Cachoeiras faz parte de um segmento relativamente novo no Brasil. São pessoas que sabem que a natureza tem seu valor próprio e nela buscam momentos de prazer, tranquilidade e contemplação, sem necessidade de rebaixá-la a um mero pano de fundo para um churrasco, para uma aventura de moto ou veículo 4 x 4, por exemplo, típicas atividades dos pseudo amantes e esnobadores da natureza.

Assim como acontecia em outras áreas naturais, os primeiros frequentadores da rota das Cachoeiras eram mais do tipo usuários da natureza. Faziam barulho gritando ou falando alto, ingeriam bebidas alcoólicas, poluíam o ar e o solo assando churrasco à beira da água, não cuidavam de trazer seu lixo de volta para casa. Insensíveis e sem a menor consciência do valor do ambiente visitado, sufocavam os sons da natureza com o som alto dos carros estacionados. Um público muito estranho, que fugia das cidades para levar o pior das cidades para o meio natural.

Como foi que ocorreu a transformação? Em primeiro lugar, o principal, a preservação em perpetuidade do lugar e de espécies raras e até outras listadas em risco de extinção, passou a ser garantida com a criação de uma grande RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural de mais de 1.100 hectares na região. Depois bastaram umas medidas simples. A cobrança de um pequeno ingresso fez cessar a sensação de casa da mãe Joana do lugar, ao mesmo tempo em que passou a haver recursos para ajudar a manter a estrutura de visitação. A comunidade local foi envolvida através da criação da Associação de Preservação e Ecoturismo Rota das Cachoeiras e a administração do atrativo foi delegada a uma ONG. Os visitantes que chegam se identificam e são informados das normas de segurança e de conduta no local e assinam um Termo de Responsabilidade.

Como num passe de mágica, em questão de poucos meses, o vandalismo despencou e os “baderneiros” deram lugar ao público certo para frequentar um lugar desses, os verdadeiros amantes da natureza, que já não são poucos, somando quase 20 mil visitantes ao ano, muitos deles “ex-baderneiros”, que descobriram que o contato com a natureza pura pode ser prazerosa do jeito que ela é, sem fumaça de churrascada, nem lixo e nem barulho.

Compartilhe nas redes:
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •