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Reunião Ordinária de Diretoria

A RPPN Catarinense realizou neste dia 17 de junho sua Reunião Ordinária de Diretoria, de forma on line, seguindo os protocolos e restrições sanitárias em função da pandemia. Diversos assuntos foram tratados entre eles:

  • Apresentação Projeto Restaura Vale da APREMAVI
  • Planos de Manejo das RPPNs Grutinha, Jardim dos Beija-flores e Rio Vermelho
  • Participações no primeiro semestre de 2021:

– Participação no Júri do Prêmio Expressão de Ecologia 27º edição

– Participação no Fórum de Gestão Sustentável

– Participação no Webinar Psitacídeos

– Participação no Viva Mata/OEMAS/ICMBio.

– Participação no Lançamento da Plataforma NATUS.

– Participação nos Conselhos – CONSEMA e Câmaras Técnicas

– Apresentação da RPPN Catarinense para o CONSEMA

– Presidência da Câmara Técnica de Gerenciamento Costeiro

  • Inscrição Prêmio Muriqui – indicação do Sr. Wilson Moreli – RPPN Chácara Edith
  • Inscrição da RPPN Catarinense no Prêmio Expressão de Ecologia 28º Edição
  • RBMA Postos Avançados – Retomada do Comitê e indicação de representantes
  • Visita Técnica na RPPN Emílio Battistella – Rota das Cachoeiras e Apresentação de proposta para a empresa MOBASA
  • Agendamento de Assembleia Geral e Eleições
  • Assuntos Gerais
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Indicação de Wilson Moreli ao Prêmio Muriqui

A RPPN Catarinense este ano, participou pela primeira vez do Prêmio Muriqui da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – RBMA, indicando como personalidade na preservação da Mata Atlântica o Sr. Wilson Moreli, proprietário da RPPN Chácara Edith que desde 2006 é um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, sendo a única a deter este título em Santa Catarina, graças ao empenho e dedicação dos proprietários, em especial do Sr. Moreli.

“Nascido em 12 de junho de 1939 em Brusque/SC, Wilson, ao longo de sua vida, se dedicou a várias atividades: aos esportes durante sua juventude; ao trabalho como dentista por quase quatro décadas; à família, sendo casado e pai de três filhos e ao seu hobby como colecionador de bromélias, que serviu como impulso inicial para desenvolver sua vocação de conservacionista, atividade à qual se dedica já há três décadas!

Sua jornada como conservacionista começou a ganhar mais relevância nos anos 90 quando, junto com sua esposa Ligia e cunhada Anette, herdaram a então chamada fazenda Hoffmann de seu sogro, Ernesto Guilherme (Willy) Hoffmann. A fazenda Hoffman já contava com um histórico de área para pesquisa e conservação: na década de 1930, Willy ainda adolescente, convenceu seus familiares a encerrar a exploração madeireira, mantendo desde então a maior parte de seus mais de 400 hectares de área florestada intacta. Na década de 1950, foi uma das áreas piloto para estudo da malária endêmica na região do Vale do Itajaí, além de se tornar sítio de pesquisa de renomados cientistas como os botânicos Padre Raulino Reitz, Henrique Pimenta Veloso e Roberto Miguel Klein e os ornitólogos Augusto Ruschi, Helmut Sick, Johan Dalgas Frisch e Lenir Alda do Rosário. Posteriormente, já nas décadas de 70 e 80, Willy credenciou a área como refúgio de animais silvestres/nativos junto ao hoje extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).  Ao se tornarem proprietários da fazenda, os herdeiros de Willy abraçaram a causa, época em que Wilson e Ligia foram residir no local que hoje é a sede da RPPN.

A tarefa de preservar este pedaço de Mata Atlântica no coração do município de Brusque foi realizada com muita determinação e inclusive altruísmo pensando em garantir um futuro melhor às próximas gerações, apesar dos vários obstáculos. O maior destes foi a luta judicial travada pelos proprietários contra a própria prefeitura da cidade que no início dos anos 2000, havia planejado construir estradas e bairros na área, o que levaria à destruição da mata. A luta foi judicialmente ganha pelos proprietários, mas o stress do processo foi uma das causas de suas doenças cardíacas, que resultaram na necessidade de implantar um stent em seu coração. Porém, isso não o abalou e para impedir novas ameaças à integridade da floresta, solicitou o reconhecimento da área como Reserva Particular do Patrimônio Natural, o que aconteceu no dia 24 de outubro de 2001 através da Portaria IBAMA 158, passando a ser conhecida como RPPN Chácara Edith.

Com este reconhecimento oficial, Wilson passou a se dedicar cada vez mais às atividades de preservação. Foi um dos sócios fundadores da Associação dos Proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural de Santa Catarina – RPPN Catarinense, ocupando inúmeras vezes cargos na diretoria, na qual é atualmente o 2º tesoureiro. Também atuou como representante da RPPN Catarinense no Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Na RPPN Chácara Edith, Wilson implementou atividades de ensino e pesquisa. De início, atuou como guia e instrutor em atividades de visitação, acolhendo grupos de alunos acompanhados de seus professores, sem distinção quanto ao nível escolar em que se encontrassem. Muitos universitários ali desenvolveram seus trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. As atividades de ensino e pesquisa desenvolvidas de forma não sistematizada foram se consolidando e ganhando destaque na região. Em 2006, a RPPN foi reconhecida como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, mantendo o título desde então. Em 2011, as atividades passaram a ser definidas e norteadas com o auxílio do Plano de Manejo elaborado com o apoio do VII Edital da Aliança para a Conservação da Natureza formada pelas instituições SOS Mata Atlântica, The Nature Conservancy e Conservação Internacional. O Plano foi concluído graças ao total envolvimento, dedicação e injeção de recursos por parte dos proprietários, em especial do Sr. Moreli.

Com o passar do tempo as atividades de educação começaram a ganhar destaque e aumentar em frequência e relevância, culminando no desenvolvimento de uma parceria com a Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Brusque, em junho de 2013, quando iniciou o programa de visitação com a participação de todas as escolas do município. Também foram firmadas parcerias com a FUNDEMA (Fundação Municipal do Meio Ambiente do Município de Brusque), fato que permitiu desenvolver atividades como os projetos “Sairinhas” e “Verde Olhar”, e com a Polícia Militar Ambiental que mantém o programa “Protetor Ambiental”. Essas visitas passaram a ser monitoradas por uma professora com formação específica na área de Ciências Biológicas, cedida pela Secretaria de Educação. Ainda assim, o Sr. Moreli tem marcado presença, acompanhando todas as turmas, sempre buscando e incentivando as mais diversas atividades na área. Dessa forma, realiza um inédito e consistente trabalho de conscientização e educação ambiental no âmbito municipal. Além disso, diversos grupos organizados com propósitos científico-culturais também realizam atividades na reserva como APAE, Bombeiros, Polícia Militar, Escoteiros, Intercâmbio Brasil x Alemanha, apenas para citar os mais assíduos. Desde o início das já citadas parcerias, a reserva já recebeu mais de 18.000 visitantes entre jovens e adultos de diversas instituições e segmentos.

Sr. Moreli e família acreditam no papel da educação ambiental, sendo essa uma das únicas maneiras de diminuir ameaças quase crônicas sofridas pela RPPN Chácara Edith, como poluição dos ribeirões que adentram a reserva, vindos de bairros vizinhos e invasões da área por caçadores de animais silvestres e coletores de palmito juçara. Já foram inúmeras as vezes que Wilson e família confrontaram os invasores em rondas no interior da mata, situação de risco e de difícil resolução mesmo quando solicitado auxílio de força policial. Na visão do proprietário, a solução só se fará no longo prazo, pelo investimento em educação e, por isso, a ênfase no trabalho realizado junto às crianças.

Preocupados com a perpetuidade das ações por eles iniciadas em 2013, os proprietários criaram o Instituto Ambiental Brüderthal e em 2020, visando melhor atender as demandas de suas atividades, inauguraram, com recursos próprios, o Centro de Estudos Ambientais que consta de biblioteca, laboratório, área de exposições, auditório e acomodação para pesquisadores, numa área de 738m2.. Infelizmente, em decorrência da pandemia, esta área tem sido pouco utilizada, mas sabemos o quanto a família, em especial o Sr. Moreli aguardam a retomada das atividades para o aproveitamento pleno destes novos recursos implementados.

As famílias Hoffmann e Moreli tem se dedicado ao longo de décadas à causa ambiental, investindo massivamente seus próprios esforços e recursos materiais, de forma a beneficiar a sociedade. Pela sua simples existência uma RPPN beneficia a sociedade por garantir a preservação da biodiversidade, sendo uma área de refúgio para a fauna, abrigando inúmeras espécies da flora, além de conservar a beleza cênica do local e manter os serviços ecossistêmicos de uma mata conservada como controle de erosão, diminuição da poluição do ar, polinização, manutenção de recursos hídricos, dentre outros. Cabe ressaltar que eles foram muito além no cumprimento de seu papel social ao proporcionar facilidades materiais e suporte imaterial da melhor qualidade possível dentro de uma proposta cultural integrada ao facultar gratuitamente acesso à Reserva para projetos de educação ambiental e de pesquisa. Essa é a vocação da RPPN Chácara Edith, expressa no Plano de Manejo e no Estatuto do Instituto Ambiental Brüderthal.

Considerando ser Wilson Moreli o mentor e propulsor de todas as atividades relatadas, cujo alcance não é apenas local, mas global se considerarmos a geração de conhecimento pelo incentivo à pesquisa e pelo seu papel como uma grande incentivador, motivador e multiplicador da causa da conservação da natureza, acreditamos ser de justiça propor seu nome como candidato ao prêmio Muriqui. “

Este texto enviado ao Júri do Prêmio teve a colaboração de Felipe Moreli Fantacini, Anette Hoffman e Erica Naomi Saito.

foto RPPN     Sede da  RPPN Chácara Edith Apresentação RPPN       Posto Avançado da RBMA IMG_1721            Sr, Wilson Moreli